Ibovespa emenda 3ª alta, com incerteza sobre tributação de investimentos
O Ibovespa emendou seu terceiro dia de alta, mais uma vez puxado por resultados positivos da Petrobras, e fechou em 137.799,74 pontos, avanço de 0,49% em relação ao resultado da véspera. Foi o maior nível de fechamento desde 29 de maio, o último acima dos 138 mil pontos.

O índice da B3 oscilou dos 136.175,43 até os 137.931,05 pontos, com financeiro de R$ 28,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 1,25% e, no mês, avança 0,56% — no ano, tem alta de 14,56%.
Os anúncios do governo, com o novo decreto sobre o IOF e a MP que modifica a tributação sobre investimentos, com detalhe para a cobrança de Imposto de Renda sobre títulos que antes eram isentos, dominaram as discussões no mercado. “Há um nível de incerteza, com sinais de ime sobre o que virá a ser decidido. Incerteza explica a pausa, o mercado um tanto de lado como temos visto”, diz Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos.
“Pacote apresentado pelo governo vai muito além de banco, afeta investidores individuais, o setor produtivo, principalmente o agronegócio, a infraestrutura e a construção civil, mas também as empresas que captam recursos no mercado”, completou Pablo Alencar, sócio da Valor Capital. Ele destaca que o cenário pode se desorganizar, quebrando a previsibilidade jurídica. “As coisas mudam de forma muito rápida aqui.”
No caso do mercado de ações, a principal mudança ficou para a unificação da taxa de 17,5% de Imposto de Renda sobre o ganho de capital na venda de ações, tanto nas operações de day trade, que eram tarifadas em 20%, quanto nas demais operações, cujo índice era de 15%. A mudança, no entanto, só a a valer no ano que vem, isso se a medida não for alterada em sua tramitação pelo Congresso Nacional.
Ibovespa: confira as principais altas e baixas do dia
A Petrobras registrou valorização (PETR3, +2,76%; PETR4, +2,25%) mesmo sem o apoio do petróleo, que oscilou sem direção única e fechou em queda nas bolsas de Londres e Nova York. Os papéis da estatal foram estimulados, na sessão, pela perspectiva de anúncio de dividendos extraordinários.
Entre os maiores bancos, as variações ficaram entre -0,86% (Santander, SANB11) e +1,42% (Bradesco, BBDC3) no fechamento. Na ponta ganhadora do Ibovespa, a Embraer (EMBR3, +4,29%) foi o destaque principal, enquanto a MRV (MRVE3,-4,68%) teve a maior queda. Entre as blue chips, a Vale (VALE3), principal ação do Ibovespa, caiu 0,66%.
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Bolsas de Nova York fecham em alta com resultados fortes e inflação em queda
As bolsas de Nova York fecharam em alta, revertendo a tendência de queda da véspera. Resultados corporativos animadores e a desaceleração da inflação ao produtor nos Estados Unidos compensaram as persistentes incertezas comerciais, especialmente sobre as truncadas negociações com a China.
Confira os fechamentos do dia em Nova York:
- Dow Jones: 42.967,62 (+0,24%)
- S&P 500: 6.045,26 (+0,38%)
- Nasdaq: 19.662,48 (+0,24%)
Após a divulgação do índice de preços ao consumidor (I, na sigla em inglês), na quarta-feira, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) também veio abaixo do esperado, reforçando as expectativas por mais cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Enquanto isso, o presidente Donald Trump reiterou seu pedido por um corte significativo na taxa de juros e confirmou planos de impor novas tarifas unilaterais a parceiros comerciais nos próximos dias, ao mesmo tempo em que expressou confiança em um acordo comercial com a China.
“A desaceleração do índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA, somada à leitura do I divulgada e aos pedidos de seguro-desemprego acima do esperado, nesta quinta-feira, reforça a expectativa por corte de juros pelo Federal Reserve em setembro”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
A Boeing teve a maior queda percentual do Dow Jones, de 4,79% após acidente com avião da Air India que caiu logo depois de decolar, com 242 pessoas a bordo, perto da cidade indiana de Ahmedabad. Segundo as autoridades indianas, somente uma pessoa a bordo do Boeing 787 sobreviveu e dezenas ficaram feridas no solo. As ações da GE Aerospace caíram 2,25%. Os motores GEnx da empresa equipavam o 787 da Air India.
Na contramão, as ações da Oracle avançaram 13,3% após a empresa divulgar lucro ajustado do quarto trimestre fiscal acima das estimativas dos analistas. A receita também cresceu, especialmente no negócio de infraestrutura em nuvem.
A BioNTech concordou em adquirir a empresa de biotecnologia CureVac por US$ 1,25 bilhão, numa tentativa de ampliar seu portfólio de medicamentos contra o câncer. As ações da CureVac dispararam 37,6%, enquanto as ações da BioNTech listadas nos EUA caíram 0,51%.
Com Estadão Conteúdo